quarta-feira, 22 de maio de 2013

Apanhador no Campo de Centeio - J.D. Salinger - Desafio Literário

 Apanhador no Campo de Centeio é um daqueles livros que todo mundo conhece, é famoso, é bacaninha, é cult, enfim, é um monte de coisas e, não sei porque cargas d'água, nunca tinha lido.

Não que eu tivesse alguma birra oculta, um sexto sentido me prevenindo contra ele (como acontecia misteriosamente com o tal do Fernão Capelo Gaivota). Eu simplesmente me esquecia dele. E, quando lembrava, perguntava por ele na livraria e nunca tinha disponível. Ou olhava livros para comprar na internet e no frigir dos ovos acabava optando por outro ao invés dele. Como se eu soubesse que, por ser um clássico, eu não me esqueceria dele, e ele sempre estivesse me esperando. Um livro mais... digamos, 'da moda' talvez pudesse ser esquecido e nunca ser lido, já o Apanhador, sabia que sempre estaria me aguardando.

Pois bem, como o desafio indicava a necessidade de ler um livro que foi citado em filme, resolvi encarar mais esse. Muitos dos que foram sugeridos não se adequavam ao desafio: Harry Potter, Jane Eyre, Morro dos Ventos Uivantes, Madame Bovary, Orgulho e Preconceito... todos eles já li, e não iria trapacear no Desafio Literário, então, precisaria pegar algum título inédito para mim. Então, encarei Apanhador no Campo de Centeio, citado no antigo filme Teoria da Conspiração.


O livro fala de um fim de semana na vida de Holden Caulfield, que havia sido expulso mais uma vez de seu colégio, e vagava por Nova Iorque pensando na vida e adiando o confronto com os pais, aos dezesseis anos (ele tem dezessete quando conta os fatos, mas o tal fim de semana ocorreu um ano antes, no Natal).

Embora de família rica norte americana, o protagonista não se adequa na vida e, usando seu humor ácido e um extremo pessimismo, narra suas angústias, seus pensamentos.

O nosso protagonista é alguém do tipo ame ou odeie. É divertido, desbocado, embora inteligente tem atitudes imbecis, mas tudo assumido por ele. É malandro mas, ao mesmo tempo, um sonhador inocente. Nada mais normal para um rapaz de dezesseis anos, o que deve ser lembrado sempre durante a leitura, pois, aos mais velhos (como eu!!), ele pode parecer muitas vezes somente um garoto riquinho entediado e inconsequente. Mas, novamente, lembre-se: muitas vezes eu também era muito parecida com isso aos dezesseis. 

A obra é considerada por muitos como a primeira a dar voz e a retratar fielmente as angústias dos adolescentes, seus medos e a forma de encarar o mundo.

Para mim, mostra aquela fase de alguns adolescentes em se recusar a crescer, a revolta em ver como o mundo adulto funciona, com as convenções sociais e falsidade, a insistência em se manter criança.

Não amei o livro. Como disse, por muitas vezes achava o protagonista simplesmente infantil e chato. Mas veja, é exatamente assim que somos, então, me lembrava disso e continuava. Obviamente a leitura não demorou muito, pois o livro é bem pequenininho. O livro as vezes é irritante, mas quando adolescentes é assim que somos também. Então, talvez, se tivesse lido ele antes, mais nova, me identificaria mais, ao invés de ter essa leitura mais afastada. 

Recomendo, principalmente se você for mais novo, ou se for mãe de adolescentes, para se lembrar de como a gente se sente nessa época, a sensação de sentir que suas ideias são ignoradas, que ninguém te ouve simplesmente por ser novo. Mas, nada urgente. Como disse, essa é a vantagem dos clássicos: eles sempre estarão lá esperando por você.

PS: Para quem não sabe, esse livro é a suposta fonte de inspiração de vários psicopatas. Mark Chapman, assassino de John Lennon disse que a justificativa pelo assassinato cometido estava ali, bastava ler o livro. Para quem tem curiosidade de assistir um filme sobre o ocorrido, veja Capítulo 27.

2 comentários:

  1. Olá,
    Tenho curiosidade de ler esse livro por todos os motivos que você citou, mas é tão caro...
    De qualquer forma, também acho intrigante ter servido de inspiração para vários psicopatas. Preciso ler para tentar entender!
    Gostei da sua sinceridade, pois muita gente recomenda o livro porque é cult e badalado.

    Abraços

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    1. Pois é, Flávia, confesso que a maior parte da minha vontade em ler o livro vinha do fato dele ser badalado, cult... acabei ficando meio frustrada :p
      Obrigada pela visita, venha mais vezes!

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