Sim, sumi, mas por uma justa
causa. Trabalhando. Horrores. Inclusive hoje, sexta-feira, pós Corpus Christi.
Uma maravilha (só que não).
Mas ontem, sim, descansei, fui ao
cinema, dei umas voltinhas no shopping e voltei com alguns livros na sacola,
para variar.
O de hoje, vinha namorando faz
algum tempo, mas sempre adiava a compra. Mas, como estava decidida a vencer
alguns preconceitos, comprei, finalmente. É uma autobiografia (e já disse aqui
que não são meu estilo predileto). E a autora é brasileira.
Não é uma biografia comum. Eliana,
com 2 anos de idade, teve poliomelite e, em 1976, foi internada às pressas no
Hospital das Clínicas, em São Paulo.
Como sempre estava meio
gripadinha, com garganta inflamada, os médicos da época sempre recusaram fazer
a vacinação da menina. E naquela época, a pólio não estava erradicada. Pior,
haviam surtos da doença. Agravando a situação, durante um bom tempo, os médicos
que a atenderam, ao invés de perceber os sintomas da doença avançando, acharam
que era mais uma gripe, mais uma infecção na garganta. Quando suspeitaram de pólio,
iniciou-se uma corrida a hospitais maiores (ela é do interior). Quase não
resistiu. Teve comprometimentos sérios, a paralisia a atingiu do pescoço para
baixo. Foi colocada numa máquina conhecida como “pulmão de aço” (daí o nome do
livro), para tentar fazer com que seus pulmões verdadeiros se recuperassem. Não
deu. Teve que ser submetida a uma traqueotomia.
A expectativa de vida para quem
tem pólio é de dez anos. Ela já tem quase 40 anos morando no Hospital. E de lá,
em sua cama, vendo tudo na horizontal (fica deitada praticamente o tempo todo,
pois, devido à pólio, os ossos não se desenvolveram, podendo quebrar com um
movimento mais brusco), sentiu os sintomas, amor, desilusão... viu os pais se
afastarem, em visitas que foram diminuindo, sentiu dor ao se aproximar de uma
pessoa que passava a visitar os internos mais frequentemente, mas depois, de
repente e sem aviso, sumiam, descobriu que poderia usar a boca para escrever,
pintar e ver o mundo pela internet, e também teve que ver seus amigos, também vítimas
da pólio, partirem, um a um. Agora, restam ela e Paulo. Os amigos, que
cresceram juntos e passavam, literalmente, vinte e quatro dias juntos, estavam
indo embora.
Eliane conta que sim, os momentos
de depressão ou de revolta foram muitos. Mas ela escolheu viver. E conta sua
história, do jeito que lhe é possível: Com a boca.
Obviamente, não é o livro mais
feliz do mundo. Muitas vezes, dependendo da passagem que a autora ia contando,
bem, não tem como não ficar emocionado. Mas não é um relato depressivo. É um
retrato de alguém que decidiu lutar, mesmo com o pouco que tinha. Achei bacana,
inspirador. E muito fácil de ler, cheguei em casa ontem a tarde, li todo ele até
a noitinha e deixei esse post semi pronto.
Recomendo, pois é um chacoalhão
na gente, que as vezes reclama tanto, por tanta bobagem.... Bom feriado para todos vocês!
Nenhum comentário:
Postar um comentário