Mal comecei o texto e já estou
aqui pensando na dificuldade que vai ser colocar tags nele... Fragmentos não é
uma autobiografia, não é romance, não é ficção, não é uma biografia (autorizada
ou não). É uma reunião de coisas tão íntimas, escritos, desabafos, cartas, de
ninguém mais que Marilyn Monroe.
E mesmo que o leitor não seja um
grande fã, devemos reconhecer que é impossível ficar imune à presença de Marilyn.
Desde que me entendo por gente (e não sou da época da atriz), sou bombardeada
por fotos e imagens dela. Um dos preços de ser alçada a ícone, mesmo antes de
morrer. Quem é Marilyn? Saindo da casca de Marilyn, quem era Norma
Jean? Para alguns, deusa, para outros, diva, ícone, celebridade. Para outros,
uma pessoa perdida e fútil, ou uma alma atormentada. Mas ninguém diz que é uma
reles mortal. Esse status básico não foi permitido a ela. Ela poderia ser tudo,
mas não poderia ser mortal. E talvez por isso sua morte ainda seja objeto de
tanta especulação. Suicídio? Conveniência?
E o que se sabe sobre ela? Geralmente,
o que se vê nos filmes. Aquela imagem de Vênus platinada, inocente - mas nem
tanto, sedutora e não muito inteligente. Ou, para os que buscaram a opinião de
outros, uma pessoa melancólica, que fazia muitos questionamentos sobre a vida,
e que sofreu uma série de traumas durante sua existência.
E então, surge esse livro:
Fragmentos. Como disse, difícil de conceituar. Mas abre uma luz sobre Marilyn.
Imaginem que vocês mantêm textos,
rabiscos, projetos de poesias, etc., guardados. E que às vezes, esses escritos
guardam também todas suas agonias, raivas, frustrações e inseguranças, misturadas
com listas de jantares, confissões tolas e análises que você faz sobre o que
está ao seu redor e pior- sobre si mesmo.
Isso tudo é o que se encontra em
Fragmentos. São textos espalhados de Marilyn, sobre suas reflexões. Imagina
o que é abrir o diário de alguém? Imagine então abrir o diário da diva. Com
isso, você poderá se surpreender (opa, talvez ela não fosse tão desmiolada
quanto pintam), ou se decepcionar (talvez ela seja sim, desmiolada, fora de
rumo). Mas poderá saber o que a própria pessoa pensava de si própria, o que
temia, e o quanto era frágil.
O bacana é que o livro é lindo,
com capa dura, recheado de fotos (não comuns) da diva, e em muitas delas,
rodeada de livros (ela se esforçava em tentar melhorar, e devorava livros, como
escape, e lia também muitos clássicos, livros tidos como difíceis).
Há várias notas explicativas, que
situam o leitor naquele universo. No fim, uma cronologia da vida da atriz, e
alguns comentários interessantes sobre sua vida.
E o melhor, a edição traz cópias
dos textos, assim como foram escritos (ou seja, com a letra de Marilyn e também
seus erros ortográficos, riscos e rabiscos). Na página ao lado, a versão “traduzida”,
limpa para o leitor.
Como disse, não é uma história. Mas
foi muito interessante ver o quão atormentada poderia ser uma pessoa que, para
os olhos de muitos, tinha tudo o que se poderia desejar. Para mim, é agonizante
ler alguns trechos onde ela se questiona tão profundamente, sobre tudo. Ver o
quão triste e solitária uma pessoa poderia ser, e quão insegura sobre si mesma.
E, claro, é daqueles livros
lindos que você pode deixar na sala, de decoração (depois de ler, vai, não seja
fútil)! :)
Trechos:
Após um ano de análise
Socorro, socorro
Socorro.
Sinto que a vida está chegando mais perto
Quando tudo o que quero
É morrer.
Grito-
Você começou e terminou no ar
Mas onde estava o meio?
Socorro, socorro
Socorro.
Sinto que a vida está chegando mais perto
Quando tudo o que quero
É morrer.
Grito-
Você começou e terminou no ar
Mas onde estava o meio?
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Porque é que eu tenho a sensação – de que nada está realmente
acontecendo - mas estou interpretado um papel - pelo qual me sinto
culpada nele tanto quanto sei o que estou dizendo o que sou e (os) seus
efeitos premeditados - exceto
Estou inibida demais para me sentir espontânea porque estou com medo de ser má –
Porque não sei o que vai sair disso - o que vai acontecer
Até gás do meu estômago (com medo de escrever peido)
E serei humilhada e me sentirei menor do que qualquer coisa ou pessoa
Estou inibida demais para me sentir espontânea porque estou com medo de ser má –
Porque não sei o que vai sair disso - o que vai acontecer
Até gás do meu estômago (com medo de escrever peido)
E serei humilhada e me sentirei menor do que qualquer coisa ou pessoa
Oi Aline!
ResponderExcluirEu não conheço nada sobre a vida da Marilyn Monroe, mas ela ainda é um ícone, talvez sempre será.
Não costumo ler biografias, mas achei legal que você citou que esse livro não é uma biografia, mas anotações que a atriz fez. Fiquei curiosa :)
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
É verdade, preciso dizer que também tenho uma certa resistência com biografias. Será que um dia venço?
ExcluirNão é nem um pouco parecido com livros de romance, são fotos e pensamentos soltos. Um dia você lê um pouco, depois esquece, aí lembra de novo. Mas, como disse, enquanto isso, ele fica bonitão na decoração! :)
Beijo também!
Aline