Aqui
no Brasil, impossível não ter sido bombardeado por notícias do caso da menina Isabella
Nardoni. Não acredito que alguém, minimamente ligado nas notícias da TV, jornal
e internet não saibam do ocorrido, acompanhando o caso, sua apuração e por fim,
o julgamento (de Alexandre Nardoni, pai de Isabella, e de Anna Jatobá, sua
madrasta). E não há quem ficasse imune à imagem da outra Ana, a mãe, e de todo
o seu sofrimento, estampado no rosto, exalando a cada poro.
Pois
bem. A pesquisadora Ilana Casoy pôde assistir ao julgamento, dia após dia,
juntamente com a Promotoria. Logo no começo do livro, está uma peça técnica,
jurídica, contendo a denúncia. Mas não pensem que o livro é somente assim, em juridiquês. Primeiramente, porque a denúncia
serve para colocar o leitor no contexto do caso. E o que se segue é a narrativa
da autora, muito bem feita, em linguagem clara, tanto que chegamos a ter a
impressão de que estamos junto a ela, no Tribunal do Júri, assistindo ao
julgamento, segundo a segundo.
Claro
que todos sabem o desfecho do julgamento, mas não pensem que isso faz com que a
narrativa fique cansativa. A descrição dos acontecimentos é muito detalhada,
rica mesmo, sem tentar condenar os acusados logo na primeira folha. Fases do
julgamento nos fazem lembrar o programa C.S.I., com as tentativas de criar e
derrubar provas (lembrando o importante detalhe de que não houve confissão,
nenhuma testemunha ocular, e com a vítima morta, não havia ninguém contando o
que presenciou naquele apartamento do sexto andar). Em outros momentos, nos
vemos num filme ambientado nos Tribunais, com os embates ferrenhos entre defesa
e acusação.
Posso
ter feito uma leitura meio apaixonada sobre o livro, pois sendo advogada, esse
tipo de leitura me interessa. Mas não achem que ele é destinado aos
estudantes/operadores de direito. O tema até hoje nos toca, e acaba
interessando. Afinal, o que leva alguém a matar uma criança? E se a pessoa for
o próprio pai?
Enfim,
um caso real, finamente detalhado, com informações que a imprensa não nos deu. Mal
posso esperar para ler outro livro da autora, O Quinto Mandamento, dessa vez
sobre o caso von Richtofen, e conferir se a escritora manteve a mesma qualidade
desse livro, hoje recomendado.
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