sexta-feira, 6 de abril de 2012

Melancia - Marian Keyes

Claire acabou de se tornar mãe de uma menina e, ainda no hospital, o marido confessa que está tendo um caso com a vizinha que também era casada, e que vai sair de casa e pra ficar com a amante. Logo em seguida, sem mais explicações, ele sai correndo e a deixa sozinha.
Redonda como uma melancia, com a filhinha nos braços e sem entender quando e por que o casamento perfeito acabou, ela vai morar com a família desajustada, cheia de irmãs malucas e pais viciados em telenovelas. Passa por crises de bebedeira, depressão e mau humor, mas depois começa a dar a volta por cima, ainda mais quando um carinha aparece em sua vida. Mas então, seu ex-marido aparece e tenta convencê-la de que era a culpada por tudo o que aconteceu.

Lá vamos nós, para mais um dos momentos shame on me: Sim, um dos meus grandes preconceitos estava no gênero chik lit, literatura de mulherzinha, pra quem não conhece. Aí, por muito tempo, não quis comprar ou ler qualquer um desses tipos de livro ora, meu amor está com Saramago, até parece que vou fazer isso com meu cérebro. Metida, eu sei. Mas já corrigi o erro. 

Melancia, admito, não foi fácil. Comprei com a desculpa de para dar de presente para minha mãe, que estava ficando com muito tempo livre, por causa das sessões de quimio que ela está enfrentando. É um tal de viaja, pega taxi, espera, volta pra casa, não faz nada, fica quietinha, que me animou. Mas minha mãe não é muito de ler (a miopia/astigmatismo beeem alta também derrubam a animação dela). Então, sob o pretexto de querer algo levinho e engraçado, resolvi criar coragem e levar o livro (e claro, ler antes).

Vou falar que ri demais, achei o livro muito engraçado, e não tem como não se enxergar na Claire em muitas passagens. Você vai lendo e pensando: É assim mesmo! Poxa! Depois acabei descobrindo, pelos outros livros da autora que já li, que a identificação não ocorre somente nesse, mas com todos os outros personagens dos demais livros. Tem um pedacinho de nós em cada uma, mesmo que não tenhamos nada em comum com elas, a princípio.

As partes em que ela fala do corpo, que se acha gorda, as mulheres vão reconhecer em si mesmas. Se ela fala mal dos homens, critica algo na família, nas roupas ou nos comportamento dos outros, a gente se vê naquela situação. Acho que esse é o trunfo de Keyes, seus livros são atuais, e as dúvidas, raivas e angústias das personagens se encaixam no que uma amiga ou você mesmo pode ter.

Mas nem tudo são risos e, seguindo o fluxo do livro, encontramos uma lição de moral, algo pra pensar quando o livro terminar.

Não preciso mais dizer que não tenho mais problemas com os “livros de mulherzinha”, não é? E devo avisá-los que mamãe leu o livro, e em quatro dias (!!) segundo ela, o que é impressionante, já que a miopia e a quimio fazem com que ela não fique muito tempo disposta a ficar parada lendo. Preciso dizer mais?

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