Jaycee
Dugard tinha onze anos quando foi seqüestrada por um estranho e sua esposa. Uma
menina tímida, que não tinha lá boas referências do mundo masculino (o pai a
abandonou, ela não conheceu. O padrasto era visto somente como uma fonte de críticas,
de visível predileção pela filha biológica).
Indo
para a escola, num dia até então normal, pensando em coisas que uma garota
daquela idade, naquele contexto, pensaria, teve a vida interrompida por dezoito
anos (dos 11 aos 29!). Durante esse período, foi proibida de dizer seu nome,
ficava enjaulada em um porão, ou em quartinhos, e até mesmo numa barraca, no
quintal de seus agressores. O banheiro se resumindo a um balde. E claro, as
agressões físicas, psicológicas e sexuais sofridas.
Teve
duas filhas com seu estuprador, durante o cárcere. O livro trata de suas memórias
durante o seqüestro. No fim de alguns capítulos, ela faz uma reflexão, atual,
dos fatos ocorridos, suas impressões, o que enxergou depois da terapia, como
passou por aquele momento, etc.
O
relato é interessante, principalmente, para percebermos o tipo de manipulação psicologia
um adulto doente pode exercer numa garotinha tímida e sem experiências. E o
quanto é cruel, para qualquer pessoa, imagine então para uma criança, estar nas
mãos de um agente opressor, e dele depender para tudo na vida: comida, roupas,
higiene, etc. Fazer uma criança acreditar que ela está fazendo um bom papel,
pois está ajudando outras meninas, pois, com ela morando com o estuprador, ele
não precisa mais “machucar outras meninas”, porque tem um “problema sexual” é
muito perverso.
E
difícil acreditar que esse homem, Phillip Garrido, tinha uma esposa, Nancy, que
não só ajudou no seqüestro, como sabia do que ocorria com a garota, se omitia,
e ainda confessava que distraia outras meninas na rua, as estimulando a fazer spacattos, enquanto o marido filmava
tudo às escondidas, para fazer seus filmes. A esposa era auxiliar de
enfermagem, e ajudou a realizar os dois partos de Jaycee (um aos 14 anos, outro
aos 17).
Novamente,
por óbvio, não se trata de uma leitura fácil. O texto é fluido, sem linguagem
rebuscada, é cheio de fotos, trechos de cartas e diários que ela pode escrever
durante o cárcere, mas nos momentos em que ela relata as agressões,
principalmente quando ela cita as “maratonas” a que era submetida (não preciso
entrar em detalhes para que seja possível imaginar de que se trata o tema) são
torturantes. Por muitos momentos, parei de ler o livro, para poder respirar
mesmo. Além disso, o que causa uma indignação tremenda é sabermos que aquele
homem já tinha sido preso, por estuprar uma mulher, e estava em liberdade
condicional. Nos EUA, significa que você estará submetido a um agente policial,
que deve vigiar você, visitar sua casa, saber o que está acontecendo em sua
vida, se está trabalhando, onde mora, o que faz... E dezoito anos se passaram
sem que nenhum dos agentes tenha notado algo incomum. E Jaycee não foi mantida
num cárcere longínquo, mas sim numa casa, num bairro residencial. Nunca houve
um vizinho que desconfiasse. Mesmo quando ela ficou mais velha, e podia sair
com os seus agressores, nenhuma pessoa desconfiava do jeito dela, de seu
comportamento. Como a autora mesmo dizia, estava invisível. Ninguém a
enxergava, ou desconfiava, ou se importava. Somente em 2009 ela teve sua vida devolvida,
reencontrou sua mãe e a liberdade. A autora tem uma fundação, a JAYC Foundation.
Significa: Just ask yourself to... care!
(apenas peça a você mesmo para... importar-se!). Em 9 de março de 2012 recebeu
o prêmio DVF (Inspiration Award),
para mulheres que lutam por justiça.
Parte da renda de seu livro é destinada à
sua fundação, e no site há maiores informações sobre como ajudar. No link a
seguir, há um trecho introdutório do livro, em português. http://www.record.com.br/vidaroubada/images/vida+roubada+cap1.pdf
O
endereço da JAYC Foundation é o seguinte: http://thejaycfoundation.org/
Para entender mais da história: http://thegrooversrpg.blogspot.com.br/2011/07/sequestro-de-jaycee-lee-dugard.html
Para entender mais da história: http://thegrooversrpg.blogspot.com.br/2011/07/sequestro-de-jaycee-lee-dugard.html
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